Vez em quando, Billie Holiday
Evandro Affonso Ferreira
Belletristik/Erzählende Literatur
Beschreibung
Vez em quando, Billie Holiday, de Evandro Affonso Ferreira, conta a história de Diadorino, um jovem nascido em meio à brutalidade do sertão, que sonha em se tornar Diadorina, "mulher bela e bélica e feminina e feminista". Assim, o livro parte de referências literárias e mulheres vanguardistas de todos os tempos para compor uma narrativa poética e absolutamente original, marca registrada do autor. O jovem Diadorino, personagem central de Vez em quando, Billie Holiday, está encolhido embaixo da mesa, apavorado. Nascido na brutalidade sertaneja, sofre com as surras constantes aplicadas pelo coronel que o criou, enfurecido pela delicadeza de seus traços, que lembram os da mãe, e, portanto, os de uma mulher. A narradora da história é a única pessoa que compreende o drama de Diadorino. Ela sabe de seu principal desejo: a transição para o gênero feminino. De várias formas, a voz que narra o incentiva a sair do esconderijo e seguir sua vontade. Em primeiro lugar, promete-lhe a proteção e a segurança geradas pela própria conversa que estão tendo – e que é o livro em si: "vem, entra logo aqui nas protetoras páginas deste livro abrigo [...] vem, jagunço nenhum entra aqui." Ela também recorre a histórias feitas sob medida para tirar Diadorino da paralisia. Nesses casos, toda uma galeria de personagens do universo ficcional de Guimarães Rosa é mobilizada para forçá-lo a se mexer, indo muito além da simples coincidência de seu nome com o da personagem de Grande sertão: veredas. Por fim, a mulher narradora enaltece outras mulheres, grandes feministas e libertárias de todos os tempos: artistas, ativistas e pensadoras – como Billie Holiday, Angela Davis, entre muitas outras. Dentre elas, há um quinteto que se destaca: Simone de Beauvoir, Rosa Luxemburgo, Hannah Arendt, Edith Stein e Anna Akhmátova. Para virar um sexteto, falta Diadorina. A narradora instiga o rapaz a fazer a transição: "vem completar esse novo sexteto feminino e feminista e socialista e espiritualista [...]." E talvez o jazz seja mesmo um bom atalho para se entender o estilo único de Evandro Afonso Ferreira, sua dicção tão particular e a importância que dá à sonoridade do fraseado. Suas palavras formam um improviso altamente técnico, com temas e variações se sucedendo, e as notas, ou sílabas, se encadeando, ecoando umas nas outras. Vez em quando, Billie Holiday é, portanto, como um solo de saxofone: belo, imprevisível e cheio de invenção.
Kundenbewertungen
Guimarães Rosa, Riobaldo, Torto arado, Diadorim, violência, sertão, maldade, Edith Stein e Anna Akhmátova, Mulheres feministas, transexualidade, Angela Davis, Billie Holiday, Coronel Joca Ramiro, identidade, gênero, A natureza da mordida, Minha mãe se matou sem dizer adeus, Literatura brasileira, Nunca houve tanto fim como agora, Hannah Arendt, Diadorino, Carla Madeira, Diadorina, Prêmio Bravo!, Rosa Luxemburgo, Rei Revés, música, O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam, homofobia, Itamar Vieira Jr., Prêmio APCA de Melhor Romance, Prêmio Jabuti, Véspera, Evandro Affonso Ferreira, autor, Salvar o fogo, ficção brasileira, Jazz, Grande sertão: veredas, Simone de Beauvoir, Não tive nenhum prazer em conhecê-los, feminismo, Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional, Tudo é rio, Prêmio São Paulo de Literatura